sábado, 25 de setembro de 2010

PATOLOGIAS DE BICO EM PSITACÍDEOS



crescimento anormal
prognatismo inferior
A saúde do bico é fator primordial para o bem estar das aves, visto que é imprescindível tanto para a alimentação quanto para  a locomoção destes animais, assim como na defesa. As anormalidades mais frequentemente encontradas são crescimento anormal do bico, mandíbula de formação anormal ou fendida, deformações, lesões, tumores, descamação do bico, rachaduras ou alteração na coloração. As principais causas são as deficiencias nutricionais, infecções bacterianas, fungos, vírus, parasitas e traumatismos entre outros. As alterações no crescimento do bico normalmente apresentam as seguintes causas: deficiência de vitaminas A e D 3, de minerais (especialmente cálcio e fósforo) e de metionina, dificuldade em desgastar o bico, má oclusão (de causa genética ou traumática), ácaros, doença hepática, anomalias congênitas ou hereditárias.
Tratamento :
Deve-se  tratar a causa,  se for devido a má formação, corrigir periodicamente o tamanho do bico, para que o pássaro possa se alimentar com mais facilidade.
É muito importante a correção da alimentação, condições de alojamento, para que haja melhor qualidade de vida para o animal.
Pássaros com anomalias congênitas não devem ser usados para procriação, pois essa falha genética pode ser transmitida aos filhotes.As doenças parasitárias (cnemidocoptes spp) devem ser tratadas com medicação  específica para tratamento de ácaros e deve-se fazer suplementação vitamínica da alimentação no intuito de suplementar vitaminas A e D. O uso de pedras para desgaste do bico também é importante assim como o uso de brinquedos na gaiola que promovam tanto o desgaste do bico quanto forneçam distração ao animal. Nos casos de bico bipartido, deve-se fazer uma correção cirúrgica denominada cerclagem que irá fornecer estabilidade ao animal no momento de se alimentar.
      
                  
bico inferior bipartido
cnemidocoptes













segunda-feira, 20 de setembro de 2010

DOENÇAS NUTRICIONAIS EM PEQUENOS PRIMATAS

A espécie de primata mais comumente mantida  como animal de estimação é o sagui-de- tufo-branco cujo nome científico é Callithrix jacchus. É o sagüi mais conhecido e comum. São animais de pequeno porte com peso entre 350 e 450 gramas, pelagem estriada na orelhas e mancha branca na testa. A coloração  do corpo é acinzentado-clara com reflexos castanhos e pretos. A cauda é maior do que o corpo e tem a função de garantir o equilíbrio do animal. Alimentam-se de grande variedade de matéria vegetal (sementes, flores, frutos, néctar, etc) e animal (artrópodes,  moluscos, filhotes de aves e mamíferos, anfíbios e pequenos lagartos). São também gumívoros, alimentam-se da goma que roem com seus incisivos inferiores, de árvores gumíferas. Servem de fonte de carboidratos, cálcio e alguma proteína.Atingem a maturidade sexual entre treze e quatorze meses. O período de gestação varia entre 140 a 160 dias. Nascem dois filhotes a cada gestação, os filhotes são grandes. Com duas semanas começam a experimentar frutas maduras, sem deixar a amamentação (até os 2 meses). Infelizmente os animais mantidos como pet frequentemente são alimentados de forma bastante inadequada e ineficiente, comendo na maioria das vezes a comida do proprietário rica em carboidratos e gordura  causando alterações metabólicas como a osteodistrofia fibrosa devido á desbalanço entre cálcio e fósforo promovendo hiperparatireoidismo secundário nutricional. Podem ocorrer fraturas espontâneas em ossos longos bem como aumento de volume em região oral quando atinge mandíbula e maxila. Outra patologia frequente nestes animais e causada pela alimentação inadequada é a lipidose hepática além de diabetes melitus. Os sintomais mais frequentes são apatia, anorexia, hipotermia, desidratação e dispnéia. Observa-se uma hepatomegalia exacerbada e coloração amarelada com infiltração gordurosa do fígado (esteatose). O prognóstico nestes casos é bastante reservado com o animal em geral vindo á óbito.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

INSULINOMA EM FERRETS


O insulinoma é o tumor mais comum dos ferrets e afeta o pâncreas e as células pancreáticas secretoras  de insulina. Em ferrets com insulinoma, o tumor causa uma superprodução de insulina, oque ocasiona a queda rápida da taxa de açúcar no sangue causando hipoglicemia. Estes tumores podem afetar animais á partir de 2 anos de idade sendo mais frequente porém á partir dos 5 anos, com maior incidência em machos. O sintomas mais frequentes são fraqueza, salivação excessiva, levar a pata na boca várias vezes, olhar confuso, ulcerações na boca, letargia, tremores, convulsões, perda da coordenação, fraqueza nas patas traseiras, vômitos, perda de peso, coma. Os sintomas podem aparecer e desaparecer rapidamente. O diagnóstico é feito verificando-se o nível de açúcar no sangue. O valor normal de glicemia varia de 90 a 120, e sendo menor que 60 é geralmente considerado sugestivo de insulinoma. Pode-se também efetuar ultrassom e Rx para fins diagnósticos.
O tratamento em geral é cirúrgico permitindo a retirada de tumores visíveis únicos ou múltiplos. Durante a cirurgia deve-se avaliar as glândulas adrenais, pois em muitos casos observa-se a presença de síndrome de cushing concomitantemente á insulinoma. Infelizmente devido á natureza de tumores neuroendócrinos que causam metástases em outros órgãos, deve-se considerar um tratamento medicamentoso pós cirúrgico, e a glicemia deve ser testada após 2 semanas de cirurgia e depois á cada 2 mêses. A cirurgia para remoção de tumores maiores alivia os sintomas durante algum tempo ou pelo menos torna mais fácil a manutenção medicamentosa. Em alguns casos de animais idosos ou fracos, a cirurgia se torna um risco muito grande e opta-se somente pelo tratamento conservativo com drogas como prednisona, diazóxido e dexametasona que ajudam a controlar os sintomas da doença porém não afetam a progressão da doença. O manejo nutricional também é importante baseado em uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos, os doces são totalmente contraindicados. A doença é progressiva e com o passar do tempo, a medicação pode não fazer mais o efeito desejado resultando em um aumento da dosagem da medicação necessária para controlar os sintomas. Uma vez diagnosticado o insulinoma, o ferret vive em média mais 10 mêses com tratamento.

SARNA SARCÓPTICA EM COELHOS



A sarna sarcóptica em coelhos é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. cuniculi, este ácaro penetra mais profundamente na pele causando lesões que se inciam no focinho, e nas patas, se alastrando em seguida para as regiões vizinhas. Esta doença, muito contagiosa, é caracterizada pela formação de crostas na cabeça do coelho, principalmente na boca, olhos e nariz, estendendo-se nos casos graves às patas e órgãos genitais. Esta sarna é muito diferente da sarna da orelha, pois esta só ataca o corpo do animal. As primeiras manifestações da sarna começam com a picada do parasito que causa forte irritação, ocasionando o aparecimento de um líquido que, ao secar, forma crostas duras, de cor amarelo-cinza. Como a sarna se localiza de preferência na cabeça e boca do animal, os lábios se apresentam consideravelmente inchados e o coelho não pode alimentar-se devido à dor e à dificuldade que sente ao mastigar. Com isto o animal emagrece, enfraquecendo até morrer. Sendo ás crostas localizadas em volta do nariz, há inflamação do local, determinando grande dificuldade na respiração.
   Entretanto, no início da doença, antes que a sarna atinja completamente a cabeça do animal, o seu tratamento é fácil. Assim, o proprietário ao notar que o focinho do coelho que é geralmente limpo e brilhante, se apresenta coberto com um pó branco, semelhante à farinha, deverá levar o animal ao veterinário para que este seja examinado e seja feito um exame de raspado de pele onde o ácaro pode ser observado. Existem vários produtos que podem ser utilizados no tratamento tanto de uso tópico (selamectina, benzoato de benzila, cipermetrina) como de uso sistêmico (ivermectina). Existem ainda medicamentos de uso natural como o própolis  que vem sendo utilizado também.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

MÁ OCLUSÃO EM ROEDORES E LAGOMORFOS


A má oclusão é o crescimento anormal dos dentes incisivos, pré molares e molares causando dificuldade na mastigação, e causando lesões na língua e na mucosa oral. Os dentes incisivos, pré-molares e molares crescem continuamente em coelhos e, portanto todos podem estar envolvidos. Os problemas de má oclusão em roedores e lagomorfos (coelhos) podem ter causas variadas tais como genética, predisposição anatomica em raças anãs, falta de desgaste dentário em função do baixo teor de fibras na ração, e um distúrbio na mineralização dentária e óssea, decorrente de um distúrbio no metabolismo do cálcio e da vitamina D. A alimentação em coelhos com ração peletizada pode alterar os movimentos mastigatórios naturais que são laterais e aumentar os movimentos verticais mudando a movimentação normal da mandíbula. Os locais mais frequentes para se observar alterações no crescimento dos dentes é na lateral da língua em contato com os dentes inferiores  e na superfície bucal em contato com os dentes superiores. A correção destas anormalidades é geralmente suficiente para fazer com que o animal volte a se alimentar. Através de sedação, estas "pontas de dente" são limadas ou aparadas para um tamanho e ângulo adequados que permitam uma oclusão mais natural. Ao se avaliar os dentes de um coelho, é importante tirar radiografias para avaliar as raízes dos dentes em busca de alterações como abscessos periodontais. No caso de crescimento anormal crônico dos incisivos é recomendada a sua remoção. No caso de anormalidades nos dentes molares e pré molares deve-se evitar a remoção de dentes contralaterais áqueles extraídos, pois sua remoção pode ser difícil e causar fraturas do osso adjacente. O tratamento pode ser difícil e o resultado nem smpre é satisfatório. O proprietário deve ser advertido de que se trata de uma afecção crônica e necessita de tratamentos regulares.
Fórmula dental do coelho 2(I2/1 C0/0 PM3/2 M3/3) = 28

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

BICAMENTO DE PENAS


Este processo consiste em um comportamento obsessivo e destrutivo das aves durante o qual a totalidade ou parte de suas penas são metodicamente puxadas para fora, amputadas, desgastadas, ou de alguma outra forma danificadas. Esse comportamento, muitas vezes impede o crescimento das penas normais.
Muda é o processo fisiológico normal, onde as penas desgastadas são perdidas e, posteriormente, substituídas por novas. A freqüência deste evento varia de acordo  com a espécie e do indivíduo, bem como com fatores climáticos e geográficos. Em áreas mais quentes, os pássaros engaiolados apresentam queda de um pequeno número de penas de forma intermitente durante todo o ano e têm 1-2 mudas pesadas a cada ano. O processo de muda deve ser distinguida do arrancamento de penas. O comportamento patológico não  é difícil de ser diagnosticado, visto que existe um padrão nas aves afetadas. Observa-se que as penas da cabeça e do pescoço permanecem intactas. Isto ocorre naturalmente, porque o pássaro não pode alcançar penas de sua cabeça. A única exceção notável a esta é a ave cujas penas são captadas por um companheiro de jaula. Como mencionado, pássaros engaiolados juntos muitas vezes exercem a limpeza mútua das penas. Esse comportamento pode se tornar obsessivo e destrutivo, resultando no arrancamento das penas do companheiro. Nestes casos, as penas da cabeça da vítima "não são poupados.
 As principais causas médicas para esta patologia incluem alterações nos níveis hormonais, parasitas externos e internos, a desnutrição, as doenças internas, e infecções bacterianas ou fúngicas da pele e / ou folículos de penas. Curiosamente, e contrariamente à opinião popular, os parasitas externos (ácaros em particular) são extremamente raros entre as aves em gaiolas. As causas não-médicos são psicológicos e / ou estresse relacionados.
O bicamento de penas  é geralmente um problema de aves em cativeiro.  Cativeiro, desnutrição, vivem solitários, a ausência de um companheiro com o qual cumpram os rituais de namoro e  acasalamento pode  causar estresse significativo, além de estresse associado com o confinamento dentro de uma casa (ruído, a confusão, a presença de outros animais de estimação, como cães ou gatos, que representam potenciais predadores de aves em gaiolas).
A partir da discussão acima, deveria ser óbvio que não existem soluções fáceis ou rápidas para correção do problema. O uso de colares elizabetanos pode ser úteis de forma a criar uma barreira artificial entre o bico e as penas. No entanto este procedimento não elimina as causas subjacentes. Na verdade, os colares  podem ser muito estressantes para as aves em gaiolas e devem ser aplicados somente quando for necessário para previnir a auto-mutilação e prevenir a hemorragia, ou como um último recurso quando tudo mais falhar. Além disso, os colares podem além de causar grande estresse para o pássaro,  também evitar a manutenção da pena normal. Existem medicamentos de uso tópico que promovem um gosto amargo ao contato com a boca do animal, porém da mesma forma que os colares, é um tratamento paliativo. O mais efetivo seria resolver a causa do problema, no entanto muitas vezes isto se torna um desafio e muitos animais vivem a vida toda desta forma

HIPOVITAMINOSE A EM QUELÔNIOS


A vitamina A é um componente vital na produção e manutenção das células epiteliais e está intimamente relacionado ás estruturas ligadas á visão. A hipovitaminose A é um problema comum na clínica de quelônios especialmente aqueles alimentados com dietas baixas em vitamina A. O sintoma clínico mais evidente associado á deficiencia de vitamina A é a quemose ou edema  da conjuntiva , blefaroespasmo, conjuntivite, doença do trato respiratório inferior (descarga nasal, depressão, dispnéia, respiração com a boca aberta) e/ou anormalidades cutâneas podem ser observadas. As infecções do ouvido médio e abcessos auriculares  também tem sido relacionados á hipovitaminose A, juntamente com a lipidose hepática. A deficiência aguda em quelônios semi aquáticos geralmente se apresenta como alterações oculares, e em casos de deficiência crônica em quelônios terrestres, os sintomas associados são do trato respiratório, hepático, renal e/ou pancreático. O diagnóstico se baseia principalmente nos sinais clínicos assim como no histórico dietético do animal. Um tratamento de suporte deve ser instituído corrigindo-se a dieta e suplementando-se a vitamina A através de suplementação oral. A aplicação de vitamina A injetável deve ser feita com cuidado uma vez que a hipervitaminose pode ocorrer após apenas uma aplicação. Pode-se também utilizar  o fornecimento de  fontes naturais de B-caroteno que é o precursor da vitamina A. Normalmente a dose de 1500 a 2000 UI de vitamina A são uma quantidade adequada para uso parenteral em animais deficientes. Uma única aplicação seguida do uso suplementação oral é recomendada. è importante no entanto que se confirme  a patologia, uma vez que existem outras doenças com sintomas semelhantes tais como herpesvirus, mycoplasma entre outras que podem ser confundidos, e não se deve assumir que todo animal apresentado na clínica com sinais oculares tenha hipovitaminos e A.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

QUEIMADURA DE INGLÚVIO EM PSITASCÍDEOS JOVENS

Nas aves, o esôfago apresenta uma dilatação em forma sacular denominada inglúvio ou papo, onde os alimentos são armazenados temporariamente, permitindo diminuição da frequencia de refeições e passando daí ao proventrículo. No inglúvio ocorre alguma fermentação e embebição dos alimentos com muco, preparando-os para a digestão gástrica posterior. O órgão também permite a regurgitação de alimento pelos pais para os filhotes. As queimaduras de inglúvio em psitascídeos jovens  ocorrem principalmente devido á utilização  de alimentos superaquecidos, para alimentação artificial em filhotes neonatos "tratados no bico", principalmente quando o alimento é aquecido em microondas fazendo com que algumas partes do alimento fiquem mais aquecidas que outras causando o acidente. Isto ocorre quando a temperatura do alimento ultrapassa os 40,5°C e causa necrose tecidual e formação de fístulas ingluviais, sendo que lesões muito extensas podem levar o animal á morte.O tratamento é invariavelmente cirúrgico sendo este procedimento denominado ingluviotomia. Este procedimento deve ser realizado algum tempo após a lesão quando já é possível fazer a diferenciaçãoentre o tecido saudável e o tecido desvitalizado variando em torno de 7 a 14 dias. Após a queimadura as aves continuam ativas e mantém vocalização e deglutição normais, enquanto se desenvolvem as lesões que aparentam ser indolores. No local da lesão ocorre uma sequencia de fatos que se iniciam com edema, eritema e formação de bolhas e crostas. Ocorre espessamento do ingluvio e da pele adjacente , com queda das penas e presença de escaras de tonalidade variando do branco ao negro. Após este período de retração cicatricial ocorre a formação de uma fístula, momento em que o proprietário percebe o extravasamento de alimento e água pela fístula e procura o veterinário.
O procedimento cirúrgico propriamente dito deve ser efetuado com anestesia inalatória,( isoflurano) e ressecção do material necrosado, tanto da pele quanto do inglúvio, efetua-se a limpeza da ferida, e disseca-se o inglúvio separando-o da pele. A síntese do inglúvio é realizada em dois planos, utlilizando-se fio absorvível sintético 4-0 a 6-0 no primeiro plano indica-se sutura simples e no segundo plano sutura invaginante de Cushing ou Lambert. Já para a pele indica-se sutura com fio inabsorvível  sintético 4-0 a 6-0, em pontos simples separados. Nos casos mais graves, com perda de mais de um terço do inglúvio, podem ocorrer perdas significativas na capacidade de armazenamento do órgão. Nesses casos, recomenda-se maior frequencia das refeições e menos volume de alimento por refeição, para evitar refluxos e aspiração de alimentos e água.